Autor lança Livro em Blog

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Boris de Pedra, o autor, de O Vendedor de Funerária, buscando ampliar seu público leitor, libera o texto na íntegra, até então vendido pelo site da Amazon. Segundo o escritor, a perspectiva de atingir um público maior foi o que levou a publicar seu e-book em um blog. Portanto, a história de terror do serial killer Pedro Botelho, que é um dos nomes do diabo na região Norte do Brasil, pode ser conferida , sem custos, pelo link: http://ovendedordefuneraria.blogspot.com.br/

NYX -A Magia da Noite

William-Adolphe_Bouguereau_(1825-1905)_-_La_Nuit_(1883)

Boris de Pedra, autor de”Poção Mágica” lança novo blog literário:http://www.nyx-amagiadanoite.blogspot.com.br onde publica sua novela gótica, originalmente postada em seu BLOG Tecnocibernético.

O autor, literalmente, brinca ,em NYX -A Magia da Noite, com símbolos do ocultismo, fazendo uso do repertório, de personagens clássicos,das histórias de terror, como vampiros,lobisomens,e fantasmas; desenvolvendo uma trama literária, mágica, cheia de encantos e reviravoltas. NYX – A Magia da Noite, revela suas primeiras linhas escritas sobre a temática do sobrenatural

“O Vendedor de Funerária” E-Book de Boris de Pedra

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O Vendedor de Funerária” já pode de ser adquirido pelo link http://www.amazon.com.br/gp/product/B013Z8O6YE , por apenas R$9,99; diretamente da site da Amazon http://www.amazon.com.br/ . Embarque nessa jornada com Boris de Pedra que inicia seu novo ciclo, poético-artístico, como Escritor.

Uma novela de terror sobre um sujeito comum, um cidadão brasileiro, um nordestino que mora em São Paulo, que leva o nome de Pedro Botelho, um sinônimo para o diabo na região norte do Brasil. Isso já insinua uma boa história,entretanto, a vida dele é tão real ,como fruto de um feitiço fosse, está desempregado,o país mergulhado em uma crise econômica,começa a sentir a pressão do dia a dia, parece que,a qualquer hora,vai surtar, tamanho o seu estresse emocional.

Andarilho noturno, pela cidade, em um ponto de ônibus,lê um anúncio sobre uma grande oportunidade de emprego. No entanto, para sua decepção trata-se de uma funerária. Mesmo assim, como o Mephisto de Fausto, o empresário, lhe revela uma nova perspectiva, uma grande oportunidade para ganhar muito dinheiro vendendo caixões. Tratava-se de um negócio do outro mundo.

Tenha coragem, “O Vendedor de Funerária” ( E-Book) , de Boris de Pedra https://www.facebook.com/Tecnocibernetico,  autor do blog Tecnocibernético /https://tecnocibernetico.wordpress.com/  ; um livro assustador, você vai , literalmente, “cagar” de medo !!!

Ficção – ‘NYX – A MAGIA DA NOITE” Segunda Parte- “O SEGREDO DO ALQUIMISTA” (Capítulo XII) – “Seu Romão, O Lobisomem”)

“Seu Romão, o Lobisomem”

Após a celebração do casamento, Bruno e Alice, encontraram Bernardo Belisáro desacordado.

_ Nossa, Bruno, o que é que o Bernardo faz ali? “Não sei não meu bem.  Que coisa esquisita. Vamos lá ver o que ele tem.

Alice foi ao seu encontro. Bruno veio logo atrás. “Você está bem”?

Ele balançou a cabeça. O noivo comentou que estavam atrasados. Tinham que ser rápidos se não perderiam o voo. Eles se foram.

Minha cabeça girava. Onde é que esta o meu relatório? Nada parecia fazer sentido. Então, algo me pareceu familiar. Conhecia aquele rosto. Era o seu Romão, o velhinho que encontrei de frente a igreja. Inclusive, lembrei que tomei uma dose de aguardente que me ofereceu. Será que é por isso que estou com essa sensação de pôrre e ressaca ao mesmo tempo?

Então, seu Romão contou a Bernardo Belisário que era um descendente dos Romanov. Por isso acabou virando o seu Romão por essas bandas. Ele disse que era o filho de Anastácia, a princesa russa.

Os bolcheviques haviam assassinado a família do czar em seu exílio na Sibéria. Mas um daqueles homens percebeu que a princesa não havia morrido. Estava desfalecida devido a um tiro de raspão na cabeça e outro na mão esquerda.

Após a chacina ninguém percebeu que ele sumiu com um dos corpos. Na verdade, era a princesa que ainda viva foi levada para a sua casa. Cuidou dos seus ferimentos. Entretanto, quando ela demonstrou estar bem de saúde o homem passou a abusá-la. Ninguém ficou sabendo de nada. Ela engravidou. Um dia esse homem não voltou mais para casa e ela fugiu do cativeiro. Algumas pessoas a acolheram.

Como o meu tio, o que poderia ter sido mas que nunca virou czar, também sofria de hemofília. Tive uma vida de infortúnios. Afinal, era o filhor de uma mulher que se dizia Anastácia e que nem ao menos sabia o nome do pai do seu filho.

Talvez os Romanov fossem mesmo amaldiçoados. Só que não penso muito nisso. Tem horas que temos que seguir em frente. Se não viveremos eternamente amargurados com as dores que nos foram causadas no passado.

Sei que em minhas andanças por este vasto mundo aprendi alguma coisa sobre como me manter vivo. Fui sobrevivendo com os parcos recursos deixados por minha mãe. Recebeu algumas doações de pessoas que se comoveram com seu trágico destino. Enfim, como um peregrino pude encontrar vários tipos de pessoas. Alguns covardes, outros oportunistas e muitos idiotas.

Foi em uma noite de lua cheia em que estava quase morrendo , devido a fragilidade da minha saúde, que fui salvo por um lobisomem. Seria mais um para ir para mais uma vala. Mas aquela não seria a noite que seria transformado em cadáver. Minha vida transformaria após aquele encontro.

Ele disse que poderia por um fim em meus problemas. Ele estava ferido. Havia brigado com um vampiro maldito chamado Miguel Dragão.


Fiquei sensibilizado com a fragilidade demostrada por aquela fera bestial. Mas ele disse que poderia ajudar. Fiquei curioso ao mesmo tempo que fascinado. Como é que eu, à beira da morte, poderia lhe prestar auxílio?

Ele deveria estar delirando. Um tanto ofegante disse que poderia me curar da hemofília se me transformasse em um lobisomem. Não pensei duas vezes e aceitei sem ouvir a sua condição. Eram duas. Uma era que me transformaria em toda noite de lua cheia. A outra é que deveria usar de todas as minhas forças para salvar sua espécie. Explicou que um lobisomem ainda estava ligado a vida enquanto que o vampiro já havia rompido os limites da morte.

Ainda ofegante sussurou que deveria encontrar Nicolas Flamel, o alquimista. Fiquei confuso. Não sei se era por causa da  dor que sentia ou se pelo sofrimento do meu próximo. Será que isso não seria um delírio?

Mais uma vez me questionei. A alquimia não seria uma lenda? Foi então que como seu último sopro de vida senti a mordida. Antes de morrer havia me transformado em um lobisomem.

Ficção – “NYX – A Magia da Noite”. Capítulo VI – “Noite no Limbo”

“NOITE NO LIMBO”

O portão ficou entreaberto. Arriscou um olhar. A curiosidade
esbarrou na ansiedade e a empurraram para dentro do Limbo.

Observou um vulto de alguma coisa
grande e disforme surgindo no escuro. Era Caronte. Tinha no rosto a
expressão de estar visivelmente assustado. Causava medo. Ele parou e
ficou ofegante. Não disse nada. Parecia estar em transe psicótico.
Muito estranho. desci por um corredor pouco iluminado e saí na pista
de dança.

 

Ou o que poderíamos definir como sendo uma dança. Todos movimentavam seus corpos  desordenadamente. Uma coreografia sem nexo algum.
O ambiente era escuro. Notei que todos usavam fones de ouvido.
Uma pequena luz verde brilhava em cada um deles.

 

                            ‘Onde Blanche richards se meteu dessa vez?”. Ela pensou.

 

Talvez essa pergunta procurasse por uma brecha para invadir seu pensamento. Em um primeiro  momento, Blanche, não viu Melquíades. Muito menos tinha noção do que seria aquele ser ou coisa que havia seguido até o Limbo.

Lucíolo, o barman, lustra um copo no balcão. Então, de relance,
seus olhos observam o sorriso do veneno. Veruska dá uma piscadinha em
sua direção. Não era um flerte, mas uma espécie de “oi, tudo bem?”

Então, como resposta deixa escapar uma risadinha. Em seguida, como se
tivesse levado um susto, engole em seco. Isto porque ao girar o rosto
para o outro lado acaba vendo o garoto da meia noite. Ele fica sério.
Finge que não viu. vai atender outra pessoa no canto do balcão.

Esse alguém pediu alguma coisa para beber. Ou algo assim. Quem foi que
pediu o que? Seu nome é Dante Virgílio.

O que fazia ali?

Investigava alguma coisa. O celular vibrou. Era Beatriz Boulevard. Uma repórter que estava colhendo dados para uma matéria.

Uma mão lava a outra. Foi o que imaginou naquele instante. A
informação tinha que circular. sabia que seria mais uma fonte para a
jornalista. Mas, em contrapartida, os dados que havia levantado
poderiam servir de alguma forma em sua investigação.

 

Ele demorou um
pouco para atender. Lucíolo foi atender outra pessoa.

_Beatriz?

oi
querido… você está ocupado?

Dante saiu, literalmente, correndo por entre aquela pequena multidão
que se aglomerava em volta do bar. Esquiva aqui e ali e responde: só um momentinho!

 

Então, entra no banheiro. É que caiu o controle remoto. Simula indiferença.
Você está em casa? É … sim… quero dizer… – quando iria dar
continuidade a sua fala uma descarga foi acionada. Provavelmente ela
ouvira o barulho – mesmo assim emendou … estou em casa. Eu também
estou- ela respondeu. Esclarecido este detalhe passaram a conversar
sobre o assunto que tinham em comum.

A matéria que Beatriz estava preparando era no início para falar sobre
a violência urbana. Logo, descobriu que existia uma forte conexão com
o uso de elixina. neste momento o aparelho de Dante quase cai dentro
da privada. Após o resgate, que foi resultado de um golpe de vista
perfeito, disse: Eu já suspeitava!

Foi um tanto irônico. Como não tivesse dado importância alguma a
informação. Algo redundante. Pensou em soltar uma piadinha tipo
‘então, você descobriu a América?”.

Mas preferiu ficar calado. No
entanto, isso era óbvio. Por isso, foi a pauta que passaranm para
Beatriz Boulevard. Só que ela descobriu coisas interessantes que
ligavam tudo aquilo ao Limbo. Resolveu guardar sua ironia no bolso e
passou a demonstrar interesse.

Havia alguma coisa estranha acontecendo no Limbo. não precisava
perguntar para sua intuição para ficar sabendo isso. E isso não era o
fato de o lugar funcionar clandestinamente. Foi isso que raciocinou.
Não comentou nada.

O discurso da repórter, então, saiu da
classificação interessante e passou a ser reclassificado como
fascinante. Isto porque ela mencionou uma seita de vampiros.

O que é que você está falando? Ficou sério e surpreendido ao mesmo
tempo. Não esperava ouvir algo neste sentido. Eles adoram uma deusa.
Ela disse. Dante ainda não havia se adaptado ao novo teor da conversa.
Não esperava ouvir algo que soasse como sendo sobrenatural. Até que
ponto isto poderia ajudar em sua investigação?

 

Enquanto divagava nesta linha de raciocínio desligou seus sentidos.
Portanto, só ouviu quando ela mencionou “Eris: a deusa do caos. A
filha de Nyx”.

Ficção – “NYX – A Magia da Noite” Capítulo IV – “Noite Macabra”

Noite Macabra – um conto de rock and roll

(Boris de Pedra)

Até parecia uma montanha. Imagina um cara com mais de dois metros de altura e uns cento e vinte quilos. É uma cara forte e com uma cara de mau. Alguém assustador.

Por isso ele prestava serviço de segurança. Trabalhava na noite. Era segurança de balada. As mais agitadas sempre o contratavam. Afinal, a simples visão do seu perfil intimidava qualquer um.

Enfim, era um profissional muito bem conceituado no mercado. Entretanto, ele gostava de trabalhar em inferninhos. Gostava de prestar os seus serviços quando ocorriam shows de rock and roll.

Naquela noite ele estava no Limbo, uma casa noturna que era uma espécie de boate underground clandestina.Lotação máxima. Pelo fato de não ser legalizada funcionava em datas agendadas com antecedência.

Por exemplo, estas datas coincidiam com a noite de lua cheia. Isto facilitava na hora de fechar o negócio. Assim, no dia que a Limbo abria as portas não trabalhava em lugar algum.

Ainda mais naquela noite. Haveria o show do Noite Macabra, uma banda que tinha como vocalista Mike Phone. Ele era tão gótico que parecia mais um vampiro.

Eles tinham fãs que o acompanhavam onde quer que tocassem. Caronte, o grandalhão, gostava desta banda. Enfim, ele é que decidia quem entraria no Limbo. Lá dentro a festa bombava. O bar vendia bem. A música se espalhava pelo ambiente no som mais alto. Predominava o escuro sobre a claridade que surgia com as luzes que piscavam. Tudo parecia ficar em Câmera lenta.

Na pista de dança Veruska Veneno se destacava. Talves por sua aparência. Talvez por sua dança.Enfim, chamava atenção por sua exuberância. Também era conhecida como a cabritinha do inferno. Isto porque em suas costas sobre o ombro direito havia um bode preto tatuado. Um cara que ficou com ela espalhou a notícia.

Ela resolveu respirar um pouco. O ambiente era esfumaçado o que aumentava a sensação de calor. Foi até o balcão. Automaticamente foi atendida. O barman era um cara bigodudo que mais parecia um hell´s angels deu uma olhadinha como se fosse um sinal.

Ninguém notou nada. Parecia um código. Isto porque ela logo entendeu do que se tratava. Então, bebericou seu drink e atendeu seu celular que começou a vibrar. Talvez não fosse obra do acaso, mas a ligação estava sendo feita do mesmo balcão, a menos de um metro de onde estava.

Eles estavam ao lado de Veruska. Eram três. Uma noite ainda mais divertida. Esta era a intenção que povoava suas mentes estimuladas pelo consumo de álcool. Um deles morava com a avó que estava viajando para o interior. Era a senha. Um deles veio com a idéia que todos acolheram. Logo, entrarm em acordo. Decidiram contratar umas garotas para que fizessem streap tease.

Segundo as informações colhidas ali mesmo naquele inferninho, havia um cachê. Um valor a ser pago em moeda corrente pela apresentação. Isto já era muito estimulantes. Pelo menos para aqueles três bêbados.

Caso houvesse um interesse de uma maior aproximação, algo como aprofundar a relação estabelecida era possível renegociar os valores. Isto implicaria em um momento a sós e com pouca ou nenhuma roupa.

Eles, então, caíram na risada. Havia excitação no sorriso de cada um deles. Eram todos canalhas e aquilo sugeria uma diversão adequada. Algo tão banal que era inocente. Entretanto, um deles, pensava um pouco diferente. Ele não concordava muito com seus parceiros de balada.que às vezes se passavam como sendo seus amigos. Por isso embarcava na onda. Afinal, tinha que fazer parte do time.

Inclusive, os brothers estavam no Limbo por sua indicação. Ele curtia o Noite Macabra. Tentava se vestir como o vocalista da banda. Quando vestia aquelas roupas pretas sentia-se como um membro da banda de Mike Phone. Tinha até um codinome que ele mesmo criou. Garoto da Meia Noite.

Enfim, mas os três estavam tão envolvidos com a ilusão de que iriam se divertir bastante, que teriam uma dose a mais de um pouquinho de felicidade que não perceberam que Veruska atendeu seu celular justamente quando fizeram a ligação. Ela fez charme, apesar do barulho, e logo perguntou pelo endereço. Ela sacou que se tratava de um bando de otários e que não falavam coisa com coisa. Mas isto não seria problema. Bastava seguí-los.

Eles saíram e o garoto da meia noite sentiu que estava sendo observado. Olhou para trás e notou que Caronte o encarava. Ele não entendeu e seguiu adiante. Também não notou que Veruska cochichou algo para o grandalhão . Apesar do tamanho, Caronte, era um tanto efeminado e gostava de trabalhar no Limbo por causa de momentos como este em que poderia viabilizar uma possibilidade de encontrar alguém.

Estacionaram o carro na frente da casa da vovó e entraram. Logo em seguida a campainha tocou. Era Veruska e mais duas amigas. Elas vestiam poucas peças de roupas e tinham um aspecto provocante. Foram para a imensa sala. Veruska pediu que apagassem as luzes. Na penumbra elas fizeram uma espécie de dança onde seus corpos se movimentavam sensualmente.

Os caras ficaram enfeitiçados. Vidrados. Talvez estivessem de pau duro. Estavam loucos e bêbados e queriam luxúria. A noite prometia. Um deles deve ter pensado algo assim. As meninas se contorciam e se insinuavam. Caras e bocas . De repente Veruska ficou sozinha. As outras duas entraram casa adentro. Isto porque ao chegarem o neto da dona da casa como bom anfitrião mostrou todos os aposentos. Supostamente elas se dirigiram para os quartos. Eles ficaram mais loucos ainda. Um deles sumiu também. Deve ter ido procurar uma das beldades.

Em seguida o outro amigo também desapareceu da sala. Enquanto isto Veruska de costas rebolava provocando fortes emoções. Aí em um piscar de olhos o garoto da meia noite se viu sozinho na imensa sala de estar da casa da vovó de seu brother. Ele disparou a rir à toa. Algo bom parecia que iria acontecer.

O sorriso escancarado ficou mais parecido com o riso da Mona Lisa após uns dez, talvez quinze minutos. O silêncio passou a reinar. Achou estranho. Além disso, tudo estava escuro. A ficha ainda não havia caído. Até então. Olhou de um lado e de outro. Tudo escuro. Tudo quieto. Foi quando ouviu um grito.

O grito parecia ser de uma mulher e não tinha nada a ver com prazer. Era como aqueles de filme de terror. Assim mesmo ficou na dúvida. Como assim? O que significava isso? Um segundo grito quebrou o silêncio mais uma vez. Desta mais aterrorizante e agudo. Algo que, definitivamente, chamava atenção. Aquilo afastou de sua cabeça qualquer pensamento relacionado com uma fantasia sexual mal resolvida. Temeu pelo pior. Nada a ver com alegria ou diversão. Agora tinha a noção do perigo. Ou ao menos uma sugestão de que o trem havia saído dos trilhos. Tinha que tomar uma atitude. Foi em direção daquele som estridente que abalou sua percepção das coisas. A medida que dava passos adiante ficava mais aflito.

Entrou em um dos quartos e para seu espanto observou que seus brothers estavam desnudos e ensangüentados. A cor vermelha se destacava e predominava no seu campo de visão. Ficou pasmo. Sem ação. Mas esta havia sido apenas a primeira impressão. Então, notou Veruska, a cabritinha do inferno. Não havia como negar que fosse gostosa. Apesar da lingerie sensual, ou algo do gênero, não ficou nenhum pouco excitado. Estava assustado com aquela situação.

O motivo daquela sensação era o sangue que escorria dos cantos dos lábios da cabritinha. Ao fundo estavam as amigas que se contorciam e rebolavam em uma euforia que não era correspondida pelo sentimento que atravessou seu coração. Por causa da penumbra não teve como avistar sangue nas garotas. Mas sabia que estavam lambuzadas com o sangue dos seus amigos.

Veruska veio em sua direção. O medo invadiu seu íntimo. Já estava suando frio. O coração pareci que saltaria pela boca. Teve medo de morrer. Ficou paralizado. Seus olhos tiveram a intuição de que seria atacado em quaestão de segundos. Empurrou a cabeça para trás. Sentiu a mão dela encostando em seu peito. Só restava gritar para que salvassem sua vida.

A porta do quarto havia sido fechada. Não lembrava disto, mas naquele instante foi arrombada. Caronte arrebentou a porta com um único chute. Veruska interrompeu seu ataque e desviou o foco de sua atenção para o grandalhão. Na sequência uma sobra surgiu por trás do brutamontes. Uma figura sinistra. Ela se afastou do garoto da meia noite.

 _ “Você fez um bom trabalho”.

Esta frase foi sussurrada em seus ouvido. Era Mike Phone, o vocalista do Noite Macabra. Ele, então, se aproximou do jovem em estado de choque e disse: venha conosco!

Ficção – “NYX- A Magia da Noite” Capítulo III – “Noite Sinistra”

Noite Sinistra
(Boriska  Petrovna)

Já era mais de meia noite e no corredor que levava a ante sala do
estúdio estava vazio. Uma barata agonizava com as patas para o ar. Se
alguém estivesse ali talvez sentisse nojo daquele inseto.

No prédio,
onde funcionava a rádio, não havia quase ninguém. O programa que
estava no ar era o Noticiário Noturno. Era feito ao vivo. Por isso,
havia a necessidade que alguém redigisse algum texto se fosse preciso.
Uma notícia de última hora por exemplo. Para dar a ideia de que o
programa estava acontecendo naquele instante. Esse alguém era Blanche.

Blanche Richards era o seu nome. Escrevia textos sob encomenda.
Trabalhava como ghost writer. A pessoa que pagava pelos seus serviços
sempre assinava. Isso acabou virando sua fonte de renda.

O mágico
Houdini utilizou os serviços de ghost writer de H.P. Lovecraft. Ela, Blanche,
não tinha o que reclamar dos valores recebidos. Tinha o hábito de
vagar pela rádio durante as madrugadas.
Assim, se alguém estivesse
precisando de uma mensagem sabia onde poderia a encontrar.

Às vezes o locutor escalado para aquela jornada nem chegava a vê-la.
Entrava no estúdio e por lá ficava até a hora de ir embora. Tinha água
e uma garrafa térmica contendo café.

Após o noticiário noturno entrava
um programa gravado. Era do Padre Doveque. Tinha uma boa audiência. O
padre havia ficado famoso por ter participado de um reality show
quando ainda era seminarista. Sua participação despertou a atenção da
mídia. Ganhou o prêmio e levou a fama.
Anos depois, já ordenado padre,
chegou a gravar um disco com músicas de louvor. Isso manteve os
holofotes acesos. Mas, atualmente, tem atuado em outra área. O seu
programa era um reflexo imediato de sua nova atividade. Padre Doveque
praticava exorcismo.

Teve um caso que ficou famoso. Foi até televisionado. Altos indíces de
audiência. Uma criança, especificamente uma menina, havia sido
possuída por espíritos do mal. Devandra era o seu nome. Ele conseguiu
expulsá-los e a população foi ao delírio.

Durante o programa isto
sempre era lembrado subliminarmente. Blanche deixou a rádio antes que
o programa se iniciasse. Algo havia chamado sua atenção pela janela. A
visão que tinha era de um cemitério.
Percebeu uma movimentação de
vultos. O ar condicionado ligado impedia que identificasse qualquer
tipo de som. Aquilo despertou sua curiosidade. Resolveu conferir.

Vestiu sua capa preta, uma espécie de sobretudo com capuz, e se
encaminhou naquela direção. Chegando lá percebeu que alguma coisa
havia acontecido.

O portão estava aberto. Entrou. Não havia ninguém na
guarita. Havia um zumbido de um radinho de pilha. Alguém estivera ali.
O vento soprava forte e fazia barulho.

Ela caminhou por entre os
túmulos e se deparou com um pé de botina. Deveria pertencer a um
daqueles vultos que havia observado da janela da rádio. Continuou em
frente. Logo percebeu do que se tratava. Eram ladrões de túmulos.
Violadores de sepulturas.
Um bando de canalhas e cretinos. Mas algo
havia os assustados. O que poderia ter acontecido?
                           _ “Isto só pode ser coisa do sobrenatural”… foi isso que ouviu ao
voltar até a guarita.
Era a voz do Padre Doveque. A frequência
diminuiu e a pequena caixinha de plástico começou a chiar novamente.
Então, outro barulho ganhou destaque. Era o portão que estava rangendo
com a ação do vento. Mas ela não teve tempo para ficar pensando nisso.
Seguiu seus instintos. Alguma coisa lhe dizia para tirar isto a limpo.
Foi o que fez.

Respirou fundo e apertou o passo. A noite escura não parecia intimidar
seu ímpeto. Seguiu em passos firmes e seguros pelas sombras. A imagem
de Harry Houdini veio a sua cabeça. Ele costumava desmascarar aqueles
que diziam ter poderes paranormais.

Ele, Houdini, se infiltrava em sessões
mediúnicas e identificava os truques utilizados para ludibriar os mais
incautos. Talvez por isso acabou sendo calado. Mas a perspectiva da
morte não a abalava. Ela sentia que algo estava tentando revelar um
sinal.
                    _ “Será que tudo isso tem um significado?
Alguma coisa em comum?”.
Enquanto caminhava a passos rápidos questionava. O sumiço de Bernardo
Belisário, o investidor, aconteceu após um casamento celebrado pelo
Padre Doveque. Na noite anterior a igreja dele havia sido,
literalmente, saqueada.
               _ “Haveria alguma ligação?”.
 Foi então que se assustou com uma coruja que passou voando ao seu lado. Estava
absorvida naquele pensamento. Não havia nenhuma evidência plausível de
que os ladrões de arte sacra fossem aqueles assustados vultos do
cemitério. Mas de alguma forma estava associando estas possibilidades.

As ruas estavam desertas. Naquela hora os semáforos não ficavam nem
vermelho nem verde. Apenas piscavam a luz amarela. Mas isto também não
chamava sua atenção. Esta estava canalizada em uma única direção.

Um
mistério a absorvia e a escuridão era sua cúmplice. Aumentou a
velocidade dos seu passos. Após alguns minutos neste ritmo pode
perceber uma espécie de vulto se movendo. Não parecia ser alguém
assustado. O movimento era mais cadenciado.
Ou seja, não demonstrava estar afobado. Parecia relutante. Enfim, sua
intuição estava correta.

Pensou em correr. Possivelmente sua correria não surtiria efeito.
Poderia se fazer notar por aquele vulto distante. Não era essa sua
intenção. Preferiu continuar no mesmo ritmo.

Viu que o vulto
praticamente se arrastava. Assim, estava se aproximando cada vez mais
sem chamar atenção. Era como se sentisse a sensação do dever cumprido.
Se desligou do mundo ao seu redor.
Não se tocou que ainda estava sendo
observada pela coruja. Estava mais preocupada com outra criatura da
noite.

O vento assobiava uma canção gótica. Essa poderia ser uma licença
poética para se referir ao barulho que a ventania provocava. Blanche
seguia em passos firmes. Por um instante pensou tratar-se de um
morador de rua, um mendigo em busca de abrigo em meio àquela noite
sinistra.

Talvez, pelo fato de o vulto estar mais próximo do seu campo
de visão. Suas vestes aparentavam estar sujas como se fosse um
maltrapilho. A sua curiosidade ficou mais aguçada. Tentou controlar a
ansiedade. Não queria especular com a imaginação. Tinha que passar
isto a limpo. Foi então que recebeu o sinal.

Um pequeno papel foi levado em direção ao seu rosto. Instintivamente
levou a mão até a altura da cabeça para se desviar do que se revelou
ser um flyer, um panfleto de divulgação de um show de uma banda de
rock.

Era uma espécie de xerox e em preto e branco se destacava o nome
“Noite Macabra”. Apesar das letras estarem estilizadas conseguiu fazer
a leitura, assim como conseguiu identificar o local da apresentação
como sendo Limbo. Segundo aquelas informações o horário do evento
estava marcado para a meia noite.

Aquilo tudo começava a fazer sentido. Não sabia ainda o que isto
significava. Mas havia encontrado a chave para desvendar o mistério.
Entretanto, o vulto havia saído do seu campo de visão.

Desapareceu.
Mas ela sabia para onde teria ido. Tudo indicava que estava próxima do
lugar que estava acontecendo a apresentação. Era como se tivesse visto
com seus próprios olhos o suposto vulto entrando lá.
Foi com esta
certeza que seguiu em frente. Todavia, se descuidou um pouco e baixou
a guarda. Então, tomou um grande susto ao se deparar com um homem que
quase passou por cima dela. Não chegou a esbarrar. Mas apareceu de
surpresa. Não havia enviado nenhum aviso. Se esquivava pela noite como
uma assombração.


Além de tudo era um sujeito grosso. Nem se desculpou. Aparentemente
nem se importou ou chegou a perceber sua presença. Foi essa a
impressão que Melquíades causou. Realmente, ele parecia estar
apressado. Então, um portão foi aberto e ele entrou no Limbo.

Blanche
se refez do susto e agora sabia onde aquele vulto, que ela seguiu do
cemitério, havia entrado. Foi então que ao invés de ter saciado sua
curiosidade ficou ainda mais intrigada.

Havia algo de estranho com
aquele sujeito com o qual havia quase esbarrado. Ele parecia estar
sangrando. E aquele não era o lugar ideal para se ir quando estamos
sangrando. Foi isso que ela pensou ao ver uma poça de sangue no chão.