” POEMA ESCURO” ( Eu Sou A Escuridão)

 Eu sou a Escuridão

Por isso você não me vê

Pouco importa se estou a sofrer                                        

Ou se essa angústia me traz vontade de morrer

Eu sou a escuridão que você não vê

No vale das sombras, deprimido,amargurado e humilhado, eu caminho

Com meus erros, com minhas mundanas paixões

e, como rei dos tolos, minha coroa de espinhos

Sigo sangrando e atormentado

Com um ser amaldiçoado                         

Entretanto, eu sou o desencanto, e sofro em vão       

Afinal, para os outros sou a escuridão

Amargo, triste e em desespero

Se encontra meu coração

Sou atirado desfiladeiro abaixo

Dentro da matéria ja não me encaixo

E a morte me nega seu beijo

Sou a pálida lembrança de um desejo

Esquecido pelos deuses e pelos demônios

Me arrasto por essa terra desolada

Meus sonhos sacrificados, mutilados em minha alma devastada

 Eu sou a escuridão e você não vê

 que estou sofrendo

 As areias do tempo pelas minhas mãos estão escorrendo

  Aos poucos estou morrendo

  Mas, como sou a escuridão, você não está vendo

  Então, mero acaso, por que insistir

   Em sentir essa nefasta dor

   Seria a esperança romântica e maléfica

    Como a ilusão de ainda ser salvo pelo Amor ?

Poesia – “SOTURNO”

“SOTURNO “

 

Se Tudo

É Obscuro

 Mórbido

Sem encanto

 

Tudo É Soturno

E parece me abater

Tudo é Tão Escuro

Nas ruínas do meu ser

 

A profundeza da tristeza

parece me envolver

Em um abraço apertado

que não posso conter

Sinto a alegria

que havia em mim se dissolver   

Abrindo uma ferida na alma

que é a angústia de viver

 

A Aflição

Da depressão

É a Maldição

Da Desolação

 

Poesia – “ELEGIA”

“Elegia”

Opaco, turvo e sombrio
Triste, soturno e vazio
Obscuro sinistro lamento
Amargo, doloroso sofrimento

Que me arrasta
De forma nefasta
Pelo desfiladeiro
Da agonia
o verso derradeiro
desta minha elegia

Emoção desvairante
Entristece meu semblante
Comoção que instiga
Essa depressão angustiante

Estou em apuros
Tudo à minha volta é escuro
Só há consternação
Rancor, mágoa e aflição


A repulsa provoca o mal estar
Sinto o pesar funesto e nebuloso
deste mau agouro que não consigo evitar
Sou atormentado por este sentimento cabuloso


Os doze deuses
Do Olimpo
Não têm a dimensão
Da dor que realmente sinto

Para os imortais helênicos
Toda tragédia é uma encenação
Mas o punhal da tristeza
Feriu de morte meu coração


Morbidez Tempestuosa
Sobraram apenas espinhos da rosa
Escarlate que no caminho
sozinho, e ainda apaixonado, colhi
e que , por sua vez, simbolizava
O amor que, de forma tenebrosa, no vale das sombras, perdi

Poesia – “Caminho Nas Sombras”

“Caminho nas Sombras

Depois que você decidiu

Que era mesmo o fim

Tudo em minha vida

Ficou amargo ficou ruim

De uma hora para outra

o céu ficou nublado

e começou a chover

Você não sabe

o tanto que isso

me fez sofrer

Sofri e confesso

que a tristeza me detonou

Me passou uma rasteira

E me atropelou

Caminho nas sombras

me arrasto pelos cantos

No deserto da alma

Onde tudo é desencanto

Poesia – “ENTRELINHAS”

“Entrelinhas”

A lua parecia distante
E sozinha
Mas nas entrelinhas
Existia uma emoção

Tão forte
Ou mais intensa
que a própria
Paixão

Não sabia
O que sentia
Mas algo me dizia
Que a intuição nos envolvia

Um verso,
Um poema,
A emoção nos unia
Por meio da poesia

Pelo pensamento
Que poderia ser um sentimento
Meu coração está atento
Tudo tem a sua hora e seu momento

Não posso negar
Que às vezes me flagro a imaginar
Os seus sonhos em um sonho
Onde recitamos todas as formas de amar

Não me culpo por pensar
Que por ser triste
Sei o que é ser feliz
Tudo que sempre quis

Mas tenho que admitir
Que não posso reprimir
O que meu coração insiste
Em sentir

Poesia – “POEMA VAZIO”

“Poema Vazio”

Carlos Pompeu

A sensação do vazio é terrível
Algo inconcebível
Para a razão
que cede terreno à emoção


Para o sentimento pequeno
Que espanca a alma
Com agitação, nervosismo
Sem piedade e nenhuma calma


Violência e impaciência
O Vazio absorve e consome
A alegria
que se transforma na forma


De uma melancolia
Legítima filha da agonia
Que toma de assalto
Meu pálido ser


E nem ao menos reage mais
à este entristecer
que se instalou sem sequer
pedir ou dizer


A devida
Licença poética
Rasgou o peito e tatuou uma ferida
Criando uma nova estética


E me deixou cair em um precipício
Com indícios
De uma vasta solidão
Que flui como larva de meu coração


Sou as trevas
O Lado Sombrio
O pecado e sua flor
Cheia de Vazio.

Poesia – “CALAFRIOS”

“Calafrios”

A noite esvazia e escurece
Minha alma que entristece
Amarga e devastada
Como uma pessoa atormentada

Arrasada e arrastada
Pela melancolia
Para uma insolente elegia
Que possui meus sentidos


Me deixando abatido
Ferozmente deprimido
Me sinto envolvido
Pela escuridão


Só há trevas em meu coração
Não há esperança
Só sinto solidão
Calafrios me afligem então


Antevejo, à meia luz,
Uma pálida assombração
Rastejo pedindo clemência
À minha soberana razão


Do escuro surge uma sombra
Que revela um vulto oculto
Que se aproxima
Como uma alucinação


Acendo uma vela
Para observar seu rosto
Tive vontade de gritar
Com tamanho desgosto

Para minha tristeza
E espanto
Somente ossos
E desencanto


Não tinha face
Apenas uma caveira em seu lugar
Como em um pesadelo
Comigo queria conversar

Se aproximou e enfim
Senti dentro de mim
Um súbito mal estar
Que anunciava meu fim


A morte queria juntar
Seus lábios aos meus
Por meio de
Um beijo

Sua voz  ecoava pelo breu
Sussurrando que poderia
Realizar meu maior
Desejo

Poesia – “ANJOS GÓTICOS”

Anjos Góticos

 

Com os meu olhos carregados e úmidos
Trago no peito o amargo sentimento
Da desconfiança que encena minha dor
Como uma dança

 

Uma triste e íntima pajelança
Do escuro caminho que trilho
Assobio a canção sem estribilho
O desencanto de um sonho que evaporou

Semeando a tristeza que sobrou
Me levando aos prantos
Às lágrimas que denunciam
Meu estado de espírito

Musa dos Escombros
A quintessência plena da elegia
Dai-me forças para elevar
Minha fraqueza à graça da poesia

Anjos Góticos talhados na pedra
No mármore, na carne
Únicas testemunhas
de minha queda

Perdoem minha alma
Turva e rastejante
E este sentimento vil
E agonizante

Não sei se minto
Mas sei que sinto
que não serei
Mais o que sou

Neste crítico momento
do Mais
Profundo
Lamento