“A Espada Mística”
Boris de Pedra
Simão era um comerciante de metais preciosos. Era mais um peregrino
nas rotas do comércio da antiguidade. Com o uso da magia negra
inventava pedras preciosas que eram vendidas a preço de ouro. A fama
de sua riqueza prosperou por todos os cantos do oriente. Sempre que
chegava a um novo povoado já tinha conhecimento de sua pessoa.
Foi ainda na época em que a China era dividida em vários reinos que
viviam em conflito que o Mago Simão foi chamado por um governante para
que lhe auxiliasse em seu desejo de se tornar o imperador . Tratava
–se de um homem de grande ambição. Mas o fato de desejar ser o
imperador da China fascinava o astuto e orgulhoso Mago que lhe
ofereceu seus serviços.
Logo, tornou-se uma autoridade influente no reino.Então, um dia teve
uma visão que em um futuro distante o império chinês governaria o
mundo com sua riqueza com a proteção de um dragão vermelho.
O governante desejou então estar vivo quando essa profecia se
realizasse. Queria ser o imperador da China, o homem mais poderoso do
mundo. Embriagado pela soberba solicitou um encanto que o
transformasse em imortal. Assim, esmagaria todos os seus inimigos que
surgissem, ao longo dos tempos.
Enquanto delirava, o Mago Simão passou a exercer uma enorme influência
sobre as finanças do reino. Até que um dia anunciou ter encontrado uma
poção que traria a imortalidade para sua majestade. Ele também sabia
bajular os poderosos. O governante que era um homem cheio de ambição
se julgava o escolhido do imperador de jade, uma entidade adorado
pelos chineses.
O mago lhe ofereceu o cálice onde estaria a poção, o seu elixir da
longa vida, que foi bebido de um gole só. No entanto, tratava-se de
licor de arsênico que o Mago preparara. Antes que a noite ocultasse o
céu com o véu da escuridão o velhaco alquimista desapareceu do reino.
No dia seguinte quando os primeiros raios do sol surgiram no horizonte
sua majestade senhor da ambição jazia envenenado em seu leito.
Conta a lenda que o Mago Simão foi para o Egito. Mas não existem provas
que atestem esta afirmação. Também dizem que assustou muitos judeus
com sua nefasta magia por aqueles lados do oriente.
Em uma passagem
biblíca há o relato de um confronto seu com Pedro, o apóstolo em Roma.
Apesar de sua magia negra foi vencido. Então, após séculos lambendo
suas feridas, retorna das profundezas do seu ego orgulhoso como o
líder de uma sociedade secreta.
Era uma seita que praticava o vampirismo o e teria sua origem na cultura
egípcia. Assumiu o nome de Simão Vladislaus. Inclusive, ao logo dos
séculos, passou a exercer seu poder entre os homens e até adquiriu o
título de arquiduque da casa dos Habsburgos.
Nesta época já estava em
plena ação seu plano maligno que havia arquitetado para oprimir a
humanidade. Logo, aprendeu a manipular a opinião pública com o
surgimento da imprensa e nos dias atuais expandiu em mil vezes a sua
ambição pelos meios de comunicação.
…
São Cipriano, que outrora fora um mago negro e se converteu, empunhava
uma espada com o fogo místico de um azul flamejante em uma das mãos
enquanto na outra trazia uma cruz de São Bartolomeu. A sua lâmina
afiada afugentava os maus espíritos que se preparavam para o ataque
final e almejavam o domínio do mundo pelas forças das trevas.
Moloc, em sua forma de anjo perverso, aceitou o desafio de lutar pelas
forças do mal. Assim, os oponentes passaram a executar uma sinistra
coreografia em um embate.fatal.
O adversário maligno de São Cipriano
sentiu o peso da espada sagrada. Os ataques de Moloc não pareciam
surtir efeito. O santo que fora um mago outrora e profundo conhecedor
do ocultismo estava protegido pelo fogo sagrado que emanava de sua
espada.
Então, surgido das sombras como a escuridão, o Mago Simão surgiu e
feriu Frederico Flamel que estava no centro de um círculo imaginário
como se fosse o prêmio disputado pelos combatentes que lutavam em um
confronto de proporções colossais. O filho do alquismista Nicolas
Flamel foi atingido por um punhal e sentiu o golpe e desfaleceu.
Blanche, a sacerdotisa que era sua mãe, havia se transformado em vento
e já havia afugentado as lâmias que instantes antes quase o atacaram.
Desta vez , em sua nova forma tentou defender mais uma vez seu filho
ferido covardemente pelo punhal do Mago Simão.
Então , uma tempestade
se formou nos céus. Raios e trovões clarearam as trevas da noite. Os
fluídos vitais de Ferdinando estavam escapando e isto poderia ser
percebido em um sorriso ou algo semelhante na expressão do rosto do
nefasto Simão enquanto Frederico caiu no chão sujo de sangue.
O livro se materializou em suas mãos. O Mago negro vislumbrou o
livro com um brilho nos olhos . Sob o seu comando surgiram nefilins,
seres alados e filhos dos anjos rebeldes com as filhas dos homens.
Assim, Moloc pode se afastar do combate com São Cipriano que com as
duas mãos sobre sua espada passou a enfrentar, uma a um, os nefilins.
Moloc passou a auxiliar o maligno mago que em posse do livro levitava
rumo ao céu. Apesar da sua magia negra não tinha o poder de voar.
Inclusive, em outra ocasião, já havia quebrado o pé quando utilizou
deste artifício quando enfrentou Pedro no episódio citado na Biblía.
Desmascarado pelo apóstolo caiu, literalmente, em desgraça. Jurou
vingança que estava agora se consumando. A arrogância e a soberba e o
auxílio do cruel Moloc resguardavam seu novo voo agora para invocar
Eris, a deusa do caos e recepcionar a chegada de Sírius, a estrela
sombria.
O triunfo do mal poderia ser ratificado naquele instante soturno
quando surge o arcanjo diante de Moloc e furioso lhe questiona:
_ Usurpastes o meu nome para praticar o mal?
Do alto de sua arrogância e , literalmente, cantando vitória não deu
atenção e tentou seguir sendo indiferente . Mas o arcanjo com sua
espada flamejante de raios lhe cortou . O anjo perverso acreditava que
nada poderia atingí-lo, por isso não se importou com a presença de
outro ser alado que era o líder do exército celestial.
Então, ambos caíram. Durante a queda, o Mago Simão tentou invocar os
poderes que haviam no livro e assim se safar daquele possível e
trágico fim . Mas o Necrominicon começou a pegar fogo, então o mago
soltou o artefato que em combustão desapareceu.